Treze Estados em colapso já têm filas por leitos de
UTI com piora na pandemia
Com o agravamento atual da pandemia, ao menos 13
Estados brasileiros e o Distrito Federal enfrentam escassez de leitos UTI e
filas crescentes por essas vagas em hospitais.
São eles: Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso
do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. São Paulo tem filas por UTIs em
alguns municípios, mas o governo João Doria diz não saber precisar o tamanho da
fila estadual porque o sistema é descentralizado. Piauí e Maranhão não
responderam aos pedidos de informação.
No Rio Grande do Sul, a fila praticamente triplicou
em maio, de 23 em 04/05 para 58 em 31/05. No Rio Grande do Norte, a lista tinha
93 pessoas, a maioria formada por não idosos. No Rio de Janeiro, o número
passou de 49 pacientes em 13/05 para 93 em 31/05.
A maior espera por UTI está no Paraná, onde a taxa
de ocupação das UTIs é de 96% e a fila por uma vaga quadruplicou em maio. O
tamanho da espera nos Estados costuma oscilar de um dia para o outro porque
muitas pessoas internadas morrem (em 9 dias, em média) ou recebem alta (em 6
dias, em média), segundo dados do RN.
No início de maio, a fila no sistema de saúde
paranaense tinha em torno de 140 pessoas. Agora, são 698, dez a menos que o
recorde registrado em março de 2021. Ou seja, o Paraná está próximo de chegar
ao pior momento da pandemia até agora.
© Fornecido por BBC News 12 Estados e DF têm filas por vaga em UTI na
fase atual da pandemia. Tamanho da espera varia de um dia para o outro, mas
quase todos enfrentam piora. .
Em Curitiba, o número de pessoas que morreram à
espera de um leito UTI neste ano já é maior do que os dois anos anteriores
inteiros. Foram 684 até o fim de março de 2021, 640 em 2020 e 347 em 2019,
segundo dados obtidos pela BBC News Brasil via Lei de Acesso à Informação. Só
em março, no auge anterior da pandemia no Paraná, 536 pessoas morreram enquanto
aguardavam leito UTI na capital paranaense.
Chegar à UTI, entretanto, não é sinônimo de
sobrevivência. Cerca de 80% dos pacientes
intubados de fevereiro a dezembro de 2020 acabaram morrendo, segundo
dados publicados pela BBC News Brasil em março.
A título de comparação, a média mundial é de cerca
de 50% de mortalidade. Segundo especialistas, entre as principais causas estão
a falta de um protocolo nacional que unifique as técnicas utilizadas e, também
por causa do colapso do sistema de saúde, a contratação de profissionais sem
treinamento e experiência adequados.
O governador paranaense, Ratinho Junior (PSD), tem
recorrido à vacinação (lenta em todo o país), a medidas parciais de distanciamento físico, como
academias e bares abertos com até 50% de ocupação, e à abertura de novos leitos
UTIs, mas a demanda tem sido maior do que a oferta. Em 31/05, foram abertas 19
vagas para pacientes com covid-19. Naquele mesmo dia, a fila aumentou em 82
pessoas.
Mais de 2 milhões de internados por
casos confirmados ou suspeitos de covid
Em seu balanço semanal mais recente, a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que foram registradas 2,1 milhões de internações
hospitalares desde o início de 2020 por casos suspeitos ou confirmados de
covid-19.
A tendência atual, segundo a Fiocruz, é de piora no
país como um todo. Apenas 5 das 27 unidades da federação não têm regiões com
tendência de aumento das internações: Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Sergipe.
© Getty Images Para a Fiocruz, medidas de distanciamento social foram
flexibilizadas por governantes antes que a pandemia estivesse sob controle
"Tais estimativas reforçam a importância da
cautela em relação a medidas de flexibilização das recomendações de
distanciamento para redução da transmissão da covid-19 enquanto a tendência de
queda não tiver sido mantida por tempo suficiente para que o número de novos
casos atinja valores significativamente baixos", afirma a Fiocruz.
No caso das capitais, 13 têm sinais de agravamento
da pandemia: Curitiba, Campo Grande, Cuiabá, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa,
Maceió, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Vitória. Em outras
dez capitais, as internações pararam de cair.
Para a Fiocruz, esse cenário de piora ou fim da
melhora na maioria das capitais "pode ser associado à retomada das
atividades de maneira precoce" e essa situação "manterá o número de
hospitalizações e óbitos em patamares altos, com tendência de agravamento nas
próximas semanas caso não haja nova mobilização por parte das autoridades e
população locais".
Fonte: BBCNEWS